quinta-feira, 12 de dezembro de 2013


Queria ouvir a chuva na janela

Vê-la escorrer pelo vidro fino e frio

Enquanto eu, aninhada junto a ela,

Sonhava com teus beijos junto ao rio.

 

Mas não chove, não neva, só venteja

E o meu desejo não pode ser cumprido

E vou ficando neste canto onde flameja

Uma réstia desta vida sem sentido.

 

Em meu socorro vem a noite abençoada

Que aligeira em mim a pesada nostalgia

E espero que a chuva lenta que não tarda

Te traga em sonhos para mim até ser dia.

domingo, 24 de novembro de 2013


 
Dá-me um pouquinho de ti,
Do teu jeito sedutor,
Da tua paz sem limites,
Um pouco do teu amor.
Não me deixes sem amparo,
Sem saciar minha sede.
Dá-me um pouco do teu colo,
Do teu jeito ternurento,
Não me faças mendigar,
Não te finjas de avarento.
Diz-me palavras bonitas,
Não as poupes, por favor,
Porque as palavras bonitas,
Juntas a ramos de rosas,
Desde que sejam sentidas,
Em dias frios, sem calor,
São sempre bem saborosas.
E mesmo que o sonho acabe
E tudo se desvaneça,
Eu quero sonhar outra vez,
Eu quero que aconteça.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013


 
Estão gélidas as mãos que não te encontram
Entristecido o rosto que não vê o teu olhar
Enquanto, cá dentro, em luta, se confrontam
Tantas coisas de que eu nem quero falar.

Pergunto-me porque calo o meu sentir
E não liberto o que penso sem pudor
E na minha mente não deixam de fluir
Fantasmas que se riem desta dor.

Se alguém me perguntar porque assim sou,
Não terei resposta certa para lhe dar
Mas creio que só quem nunca pensou
Pode fazer o que quer sem hesitar.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

 
 
Já não vejo alegria nos olhares
Nem o gesto terno e carinhoso
Nos corpos indolentes que se arrastam
Pelos bancos de jardins abandonados.
Remoem no silêncio a ansiedade
Da má sorte a que foram condenados,
Neste país que já foi tão glorioso.
Agora, que julgavam já passados
Os tormentos que agitaram os seus dias,
Perderam sonhos, esqueceram ousadias

E olham vagamente as suas vidas,
Sem brilho, sem esperança, sem calor,
Esquecendo alegrias já vividas,
Temendo ver maior a sua dor.

terça-feira, 12 de novembro de 2013



Cansada, confusa, talvez perdida,
Vagueio neste mundo sem futuro,
Sem ter um sol que aqueça a minha vida,
Sem ter em ti o meu porto tão seguro.

Os dias passam, lentos e cinzentos,
O céu parece longe e inacessível
E eu, triste, fico olhando por momentos
O futuro tão incerto e impossível.

Sinto, bem forte, a angústia que magoa
E as palavras recusam tomar voz
Para dizer as penas que a alma sente.

Sigo no meu silêncio tão à toa,
Tão sem norte nesta vida tão atroz
Que não sei se sou coisa ou se sou gente.

domingo, 10 de novembro de 2013


 
Ai o tempo…
O tempo que passa
E nos deixa sem tempo…
Que marca na pele
Os sulcos da idade,
Que sulca sem dó
Na alma da gente,
Que brinca connosco
E nos deixa contentes,
O tempo que foge
Sem esperar por nós
Que vamos correndo,
Esquecendo o presente…
Ai o tempo… o tempo
Que ainda não foi
E já é passado,
Que passa voando,
Mesmo ao nosso lado.
É tempo de vermos
Que não temos tempo
Para as coisas simples
Neste mundo sedento…

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

 
Pinto o teu rosto a traços largos
Na tela enorme desta solidão
E, com os dedos, ajeito-te os cabelos,
Toco-te os lábios com a minha mão.
Procuro sentir o teu calor imenso
Nos dias frios de valores humanos
E encostar meu rosto ao teu peito quente
Para conforto dos traumas mundanos.
Mas a realidade vence a ilusão
E depressa sinto que o sonho se esvai....

Volta a saudade, o medo e a raiva,
Escurece o céu e a chuva cai…
Pudera eu comandar o sonho
E assim ficaria, de noite e de dia,
No porto seguro da nossa paixão,
Apesar das chuvas e da ventania…
Não sei se é virtude ou sina...
Não sei calar o que penso,
Não quero calar o que sinto,
Não posso fazer-me surda.
Sou cidadã do mundo,
E, mesmo que muito tente,
Não consigo ficar muda.
Digo o que sinto e penso,
Incomodo muita gente
E disso estou consciente......

Mas...
Não me atirem falsas modéstias,
Nem lamentos descabidos.
Já não tenho a ingenuidade
Que tive em tempos idos.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

 
 
Tenho um mundo todo por contar-te
E é no silêncio que adormeço
Sem saber de ti, sem que te veja...
Talvez nos meus sonhos matinais
Te encontre de braços abertos
E neles repouse até o sol brilhar
E, num beijo louco,
Adivinhes o que te quero contar...

quarta-feira, 23 de outubro de 2013


É a chuva, esta chuva impiedosa,
Que te traz ao meu sonho, ao meu regaço,
E ouvindo-a na noite silenciosa
Sinto a ausência do teu beijo e teu abraço.
Lá fora, nas pedras frias da calçada,
Gemem os beirais um choro sentido e lento
E eu, de uma forma inusitada,
Não quero adormecer neste tormento.
Procuro compreender o triste fado
Fecho os olhos e viajo ao tempo ido
E num instante breve e desejado
Volto a ter-te a meu lado adormecido.
Que chova agora, ribombem os trovões
Ou que até surja bem forte a tempestade
Não temo a vida tão cheia de ilusões
Mas não quero voltar à dura realidade…

terça-feira, 15 de outubro de 2013


São cada vez mais brancos os cabelos
Que moldam os rostos tristes, enrugados,
De olhares petrificados na ausência
E as mãos, sobre o regaço abandonadas,
Hesitam entre a revolta e a clemência.

 
Lá longe, na memória perturbada,
Vão ficando os sonhos por cumprir
E, em vez de uma vida assegurada,
De um entardecer de tons rosa colorido,
Veem os seus obrigados a partir
Calando a dor de um coração ferido…

 
Não foi o que quiseram ou sonharam,
Nem pensaram assim o seu porvir…
Arrastam-se pelos dias, sem esperança,
Sem pão, sem forças, sem amor…
Não sabem o que a vida lhes reserva
Mas sofrem, em silêncio, a sua dor.
E olham os homens pequeninos
A quem prometeram, um dia, a liberdade
Sabendo que o brilho dos seus olhos
Durará apenas a inocência da idade…

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

 
 
LAMENTOS

Lamento a tristeza dos olhares
Que vislumbro no rosto envelhecido
Dos homens que já foram gente,
Que um dia acreditaram
Que era passado o sofrimento imposto,
Que nada poderia ser pior
Do que as suas míseras infâncias,
Sem comida, sem brinquedos,
Sem roupa, sem escola,
Sem um tecto, sem nada na sacola…
Esses homens que se guiaram pelo sonho,
Que sofreram em silêncio amordaçado,
Na esperança de um futuro diferente e mais ousado
E, um dia, conseguiram…

Lamento ler, agora, em cada um deles,
Não o sonho mas sim desilusão,
Não a esperança, não a paz nem a vontade,
Mas apenas o olhar que transborda de ansiedade,
O gesto que esmorece e se arrepende
Não do que foi, do que fez ou do que sente
Mas daquilo que a vida lhe tirou,
Das traições daqueles a quem confiou
A semente da luta que foi sua,
Que um dia o fez sair à rua,
Para saborear o gosto à liberdade.

E, hoje, todos eles, já velhos e cansados,
Com filhos sem futuro mas criados,
Nada têm, nada esperam, nada ousam
E perdem o brilho no olhar,
Sentem a raiva, o cansaço de esperar
Pelo reino que lhes fora prometido
E que, agora, sem rumo nem futuro,
Se arrastam pelas vidas ensombradas
E aguardam impacientes a mudança
Ou, então, o fim libertador
Que, depressa, os poupe a tanta dor.

07.10.2013

terça-feira, 24 de setembro de 2013



Uma indecifrável nostalgia
Paira no limiar do dia por nascer
E mesmo os raios de sol que vão nascendo
Não a levam de mim,
Não me ajudam a esquecer...
Quem sou?
Porque sou?
Até quando serei?
Enigmas da vida não pedida,
Dos dias vividos e a viver....

Não sei quem sou
E tudo o que me creio é ilusão,
Uns dias luz, outros escuridão,
Às vezes esperança, força, vida, amor,
Outras descrença, fadiga, tédio e dor...
Não sei quantos degraus ainda subirei
Nesta viagem dura que é a vida.
Não sei o que me espera
Nem a força que terei
Para vencer os obstáculos da subida.
Só sei que aqui estou,
Sem rumo nem destino
E que um dia partirei para outra margem,
Sem nunca ter compreendido
O início, o meio e o fim desta viagem.

MHG - 24.09.2013

quarta-feira, 18 de setembro de 2013



DESEJOS

Queria perder-me para sempre nos teus braços,
Beber até ao fim a imensidão do teu olhar,
Sentir bem longe de mim estes cansaços
E no teu ombro quente e terno repousar.

Queria ter-te aqui comigo noite e dia
E afagar os teus cabelos prateados,
Saber-te meu fogo ardente em noite fria,
Sonhar contigo os meus sonhos mais ousados.


Queria adivinhar teus simples pensamentos,
Numa cumplicidade louca, própria dos amantes,
Mas a vida também tem os seus argumentos
E nunca, nunca volta a ser como foi antes.
Fantasmas
Cansaço. Tristeza. Cansaço. Ilusão.
E todos os ecos me dizem que não.
Saudade. Cansaço. Dor. Melancolia.
E este silêncio era tudo o que eu queria.
Dúvida. Cansaço. Revolta. Saudade.
E tudo o que peço é serenidade.
Medo. Cansaço. Tédio. Desespero.
E por vezes penso que só exagero....

Angústia. Cansaço. Remorso. Cansaço.
Não sei o que digo, nem sei o que faço.
Cansaço. Cansaço. Desejo. Aflição.
Que mágoas ensombram o meu coração!

sábado, 20 de julho de 2013

 
 
Deixo cair a lágrima que rola
E de olhos fechados
Imagino as tuas mãos
Carinhosas
Percorrendo o meu rosto
Numa sábia carícia
Até que os meus olhos
Se fixem nos teus
E adormeçamos juntos
Nesse sonho impossível.

segunda-feira, 3 de junho de 2013


Hoje, quero escrever-te uma carta de amor,
Uma carta longa e carinhosa,
De múltiplas páginas perfumadas
E cheia de coraçõezinhos desenhados.
Quero dizer-te tudo, tanta coisa...
Quero que saibas, mesmo na distância,
Que tu és o meu mundo
Ou que o meu mundo és tu.
Quero que sorrias ao ler-me pela manhã
Ou que, sem pudor, me chames louca,

Quero que desejes dar-me a mão,
Afagar-me os cabelos
Ou até beijar a minha boca.
E quero ficar a ler e a reler
E a acrescentar mais isto e mais aquilo,
Porque, para ti, tenho sempre que dizer.
Depois, quero fechá-la com carinho,
Encostá-la um pouquinho ao meu peito,
Escrever teu nome com delicadeza,
Desenhar um sol brilhante e radioso
No cantinho superior do envelope
Para saberes que, quando penso em ti,
Sinto o coração num frenético galope,
Sou feliz, sou céu e mar e brisa,
Sou até um pouquinho poetisa,
Sou mais que eu, sou outro eu,
Sou criança, sou guerreira,
Sou rainha sem reino e sem coroa,
Sou até ridícula, como diz Pessoa.


2.junho.2013, sugerido pela música "Love letters", de Armik.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Por mais simétrico que seja meu pensamento,
E junte numa equação
Todos os fatores da minha vida,
Lhe some emoções,
Lhe subtraia desgostos,
A multiplique pela esperança
E eleve ao quadrado
Os momentos belos,
Apenas sei
Que, com régua ou sem ela,

Com esquadro ou sem ele,
O momento é igual a zero
E tende para o infinito.
Povoas os meus dias
De insondáveis dúvidas...
Procuro-te,
Sem saber onde,
Sem saber como,
Sem saber porquê.
Apenas te procuro,
Mesmo sabendo
Que é em vão a busca.
Porque teimamos nós

Em percorrer caminhos
Tão estreitos,
Tão escuros,
Tão distantes,
Onde só cabe um eu
E nunca haverá
Eco de outra voz?

segunda-feira, 8 de abril de 2013



Silêncio,
Silêncio e mais silêncio...
As palavras foram-se,
Os gestos esmorecem.
De que me vale o lamento,
Se te não vejo,
Se te não tenho,
Se te não sinto?
Que vida é esta,
Tão ingrata,
Que te condenou,
Que me arrastou,
Que o sonho matou?
Que futuro é este,
Sem brilho,
Sem luz,
Sem esperança?
Queria ter de volta
O teu olhar,
O teu abraço,
O teu regaço
P'ra descansar...


segunda-feira, 25 de março de 2013

 
Nem o tempo, meu amor, nem este tempo
Nos poupa a lágrimas e ventos furiosos
Como se até a natureza, em querendo,
Se aliasse à voz dos homens desgostosos.

Os dias passam, monótonos e cinzentos,
A chuva cai, gelada e sem piedade,
E nós vemos passar a vida a passos lentos,
Numa indolência que gera a ansiedade.


 
Ao som da chuva que bate na calçada,
Resta o olhar perdido e sonolento,
Olham-se as mãos que já não têm nada,
Esquecem-se sonhos que foram com o vento.

sábado, 23 de março de 2013

 
 
Olho as minhas mãos vazias
E sinto a tua ausência.
Quem foi que destruiu o sonho
Que havíamos traçado
Nos dias amenos que vivemos
Quando tudo era possível
E o tempo era só nosso?
Quem foi que fez de nós
Esta mágoa disfarçada
Este tempo sem tempo

Esta vida sem rumo?
Não fui eu, nem tu…
Não sei quem ousou fazê-lo
Mas fez…
E que nos resta?
Nada. Apenas o silêncio
Dos inocentes condenados.

quarta-feira, 6 de março de 2013

 
 
Eu queria viver para sempre nestas nuvens
Tão brancas, fofinhas, em constante movimento
E não neste mundo tão negro, duro e frio
Que faz dos nossos dias só dor e sofrimento.

Queria ter dos céus a plena liberdade
E flutuar ao sol levada pela brisa
E ficar assim até à eternidade
Longe deste mundo onde se agoniza.


 
Queria ter a paz da lua em noite calma
E agarrar as estrelas que teimam em brilhar
E para o meu sonho ser todo perfeitinho
Levar-te comigo p'ra me acompanhar.

domingo, 3 de março de 2013

 
Larguemos as armas pesadas
Com que tentamos defender-nos
Dia após dia, hora após hora
E entreguemo-nos ao silêncio da noite,
Ao aconchego dos lençóis acetinados.
Procuremos o merecido descanso,
Para evitarmos divagações,
Sonhos desfeitos ou ousados,
Saudades sem remédio,
Cansaços extenuantes.

Procuremos a paz,
O sono, a morte momentânea
Para a vida ingrata
Que nos consome
E a pouco e pouco mata...

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Perdida, em busca de mim,
Me perco cada vez mais,
Nos caminhos que percorro,
Não encontro os teus sinais.
No silêncio em que me isolo,
Nem ouço meus próprios ais
E exausta nesta luta
Perco forças e vontade
E meus sonhos são fatais.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Congela-se-nos o corpo num arrepio doloroso
Em busca da alma há muito congelada
E na dor que cristaliza e nos deixa sem repouso
Ficamos imóveis, pois já não esperamos nada.
 
Olhamos o passado, já distante na memória,
Revemos o filme que foi a nossa vida
E já não temos planos, já não temos história,
Pois mesmo a que tivemos já está perdida.
 
Brincamos aos poetas, fingimos renascer
E tecemos poemas p’ra atenuar a dor
Fingimos cantar, fingimos viver
Mas depressa voltamos ao mesmo torpor.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Tanta coisa por dizer,
Tanta mágoa a corroer
E o vazio da impotência
Que me transporta à demência...
Porquê?
Porquê tantos dias sem sentido
Tanto momento perdido
E continuar a viver
Continuar a querer
Estar viva, continuar,
Sem saber por quê lutar...

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Às vezes,
No silêncio da noite vaga e fria,
Consigo sentir-me tão distante,
Tão fora deste mundo em agonia
Que me sinto separar por um instante
Deste corpo que se arrasta em distonia
E vejo-me, lá do alto, tão exangue
Tão sem forças, sem fé, sem um querer
Que  duvido do que vejo,
Pois não reconheço aquele ser.
Nunca chego à resposta.
Ou, involuntariamente, retorno aquele corpo
Ou, então, o sono dissipa a agonia
E, na manhã seguinte, mal distingo
Se sou realidade ou fantasia.
 


segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Somos nada, exatamente nada.
Nascemos sem pedir e sem querer
E , depois de colocados nesta nau,
Enfrentamos a viagem atribulada
Sem que possamos decidir o que fazer
Pois a nossa sorte já está traçada.
E somos (dizem) filhos de Deus,
Um Deus grande e omnipotente
Que me faz questionar vezes sem conta
O motivo por que nos fez vir a ser gente…

terça-feira, 22 de janeiro de 2013


Ser...
Ser o quê?
Ser gente, estar viva?
Ser número, existir?
Ser escrava sem dono,
Prisioneira sem amarras,
Revoltada sem luta,
Vencida sem combate?
Não é o que quis,
Não é o que sonhei,
Mas é o que sou,
Nisto me transformei.

Tenho saudades da poesia dos teus olhos
Do toque mágico do veludo dos teus dedos
E sinto a falta da magia dos teus braços
Que me acolhiam e afastavam os meus medos

Vou embalar-me ao som da chuva forte,
Em busca desses sonhos por viver,
E se eles teimarem em não vir
Fecharei os olhos para adormecer...


Cai a chuva nas pedras da calçada,
Num tom monótono, cansado, plangente
E olho-me aqui, sozinha, abandonada,
Como se, no fundo, já nem fosse gente.

E cada gota que cai na fria pedra
Revolve as memórias de outros dias,
Em que me aconchegava nos teus braços
E me sentia imune a frios e ventanias.

O tom cinza e nublado da paisagem
Não deixa ver nem um rasgo de luz
E eu sei que o sonho é uma miragem
E que a vida só à morte nos conduz.