terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Às vezes,
No silêncio da noite vaga e fria,
Consigo sentir-me tão distante,
Tão fora deste mundo em agonia
Que me sinto separar por um instante
Deste corpo que se arrasta em distonia
E vejo-me, lá do alto, tão exangue
Tão sem forças, sem fé, sem um querer
Que  duvido do que vejo,
Pois não reconheço aquele ser.
Nunca chego à resposta.
Ou, involuntariamente, retorno aquele corpo
Ou, então, o sono dissipa a agonia
E, na manhã seguinte, mal distingo
Se sou realidade ou fantasia.
 


segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Somos nada, exatamente nada.
Nascemos sem pedir e sem querer
E , depois de colocados nesta nau,
Enfrentamos a viagem atribulada
Sem que possamos decidir o que fazer
Pois a nossa sorte já está traçada.
E somos (dizem) filhos de Deus,
Um Deus grande e omnipotente
Que me faz questionar vezes sem conta
O motivo por que nos fez vir a ser gente…

terça-feira, 22 de janeiro de 2013


Ser...
Ser o quê?
Ser gente, estar viva?
Ser número, existir?
Ser escrava sem dono,
Prisioneira sem amarras,
Revoltada sem luta,
Vencida sem combate?
Não é o que quis,
Não é o que sonhei,
Mas é o que sou,
Nisto me transformei.

Tenho saudades da poesia dos teus olhos
Do toque mágico do veludo dos teus dedos
E sinto a falta da magia dos teus braços
Que me acolhiam e afastavam os meus medos

Vou embalar-me ao som da chuva forte,
Em busca desses sonhos por viver,
E se eles teimarem em não vir
Fecharei os olhos para adormecer...


Cai a chuva nas pedras da calçada,
Num tom monótono, cansado, plangente
E olho-me aqui, sozinha, abandonada,
Como se, no fundo, já nem fosse gente.

E cada gota que cai na fria pedra
Revolve as memórias de outros dias,
Em que me aconchegava nos teus braços
E me sentia imune a frios e ventanias.

O tom cinza e nublado da paisagem
Não deixa ver nem um rasgo de luz
E eu sei que o sonho é uma miragem
E que a vida só à morte nos conduz.