domingo, 24 de novembro de 2013


 
Dá-me um pouquinho de ti,
Do teu jeito sedutor,
Da tua paz sem limites,
Um pouco do teu amor.
Não me deixes sem amparo,
Sem saciar minha sede.
Dá-me um pouco do teu colo,
Do teu jeito ternurento,
Não me faças mendigar,
Não te finjas de avarento.
Diz-me palavras bonitas,
Não as poupes, por favor,
Porque as palavras bonitas,
Juntas a ramos de rosas,
Desde que sejam sentidas,
Em dias frios, sem calor,
São sempre bem saborosas.
E mesmo que o sonho acabe
E tudo se desvaneça,
Eu quero sonhar outra vez,
Eu quero que aconteça.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013


 
Estão gélidas as mãos que não te encontram
Entristecido o rosto que não vê o teu olhar
Enquanto, cá dentro, em luta, se confrontam
Tantas coisas de que eu nem quero falar.

Pergunto-me porque calo o meu sentir
E não liberto o que penso sem pudor
E na minha mente não deixam de fluir
Fantasmas que se riem desta dor.

Se alguém me perguntar porque assim sou,
Não terei resposta certa para lhe dar
Mas creio que só quem nunca pensou
Pode fazer o que quer sem hesitar.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

 
 
Já não vejo alegria nos olhares
Nem o gesto terno e carinhoso
Nos corpos indolentes que se arrastam
Pelos bancos de jardins abandonados.
Remoem no silêncio a ansiedade
Da má sorte a que foram condenados,
Neste país que já foi tão glorioso.
Agora, que julgavam já passados
Os tormentos que agitaram os seus dias,
Perderam sonhos, esqueceram ousadias

E olham vagamente as suas vidas,
Sem brilho, sem esperança, sem calor,
Esquecendo alegrias já vividas,
Temendo ver maior a sua dor.

terça-feira, 12 de novembro de 2013



Cansada, confusa, talvez perdida,
Vagueio neste mundo sem futuro,
Sem ter um sol que aqueça a minha vida,
Sem ter em ti o meu porto tão seguro.

Os dias passam, lentos e cinzentos,
O céu parece longe e inacessível
E eu, triste, fico olhando por momentos
O futuro tão incerto e impossível.

Sinto, bem forte, a angústia que magoa
E as palavras recusam tomar voz
Para dizer as penas que a alma sente.

Sigo no meu silêncio tão à toa,
Tão sem norte nesta vida tão atroz
Que não sei se sou coisa ou se sou gente.

domingo, 10 de novembro de 2013


 
Ai o tempo…
O tempo que passa
E nos deixa sem tempo…
Que marca na pele
Os sulcos da idade,
Que sulca sem dó
Na alma da gente,
Que brinca connosco
E nos deixa contentes,
O tempo que foge
Sem esperar por nós
Que vamos correndo,
Esquecendo o presente…
Ai o tempo… o tempo
Que ainda não foi
E já é passado,
Que passa voando,
Mesmo ao nosso lado.
É tempo de vermos
Que não temos tempo
Para as coisas simples
Neste mundo sedento…

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

 
Pinto o teu rosto a traços largos
Na tela enorme desta solidão
E, com os dedos, ajeito-te os cabelos,
Toco-te os lábios com a minha mão.
Procuro sentir o teu calor imenso
Nos dias frios de valores humanos
E encostar meu rosto ao teu peito quente
Para conforto dos traumas mundanos.
Mas a realidade vence a ilusão
E depressa sinto que o sonho se esvai....

Volta a saudade, o medo e a raiva,
Escurece o céu e a chuva cai…
Pudera eu comandar o sonho
E assim ficaria, de noite e de dia,
No porto seguro da nossa paixão,
Apesar das chuvas e da ventania…
Não sei se é virtude ou sina...
Não sei calar o que penso,
Não quero calar o que sinto,
Não posso fazer-me surda.
Sou cidadã do mundo,
E, mesmo que muito tente,
Não consigo ficar muda.
Digo o que sinto e penso,
Incomodo muita gente
E disso estou consciente......

Mas...
Não me atirem falsas modéstias,
Nem lamentos descabidos.
Já não tenho a ingenuidade
Que tive em tempos idos.