quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Sei que as palavras me fogem.
Escapam-se, irritadas,
Quando percebem que as uso,
Que as manipulo ou até destruo,
Em frases insensatas e banais.
É talvez a minha cobardia,
O medo de as deixar falar,
De as deixar ter a ousadia
De espelharem esta alma aos demais.
Prefiro, ainda que com dor,

Manter só para mim esse segredo,
Guardá-lo cá dentro com rigor
Para evitar o riso, a crítica, a ironia
Ou que ousem revelar com despudor
A verdade, o sonho, o desejo, a fantasia...

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Não sei se é o tempo,
O tempo que se arrasta,
Se a chuva, o frio ou o vento forte,
Não sei o que me oprime e me destrói,
O que me faz chorar perdidamente,
Se é o dia, a noite ou a má sorte.
Só sei que na minha alma não há esperança
E os sorrisos dóceis já escasseiam
E as palavras, aos poucos, já rareiam
E são parcos os momentos de bonança....

Tenho em mim um turbilhão de sentimentos,
Dúvidas, revoltas, medos e terrores
Ânsia, desespero, raiva e até dores
Que me fazem lavrar estes lamentos
E sentir que nada sou, que nada valho,
E que no mundo estou, mas sem ventura,
Sozinha, triste, frágil e insegura
Como uma pobre gotícula de orvalho…

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Do céu nublado e longínquo do ocidente
Saem filtrados brilhantes raios de luz
Que pintam o mar naquela tarde ardente
E desenham uma paisagem que seduz.

Na quietude do mar repousam os meus olhos
E penso em ti, lá longe, tão ausente
E sonho com uma vida sem dor e sem escolhos
Contigo ao lado, juntinhos, para sempre.