segunda-feira, 28 de maio de 2007

Agora sei...

Já fui jovem, sonhadora,
Ingénua, lutadora, apaixonada.
Já pensei que a vida era uma dádiva,
Que era bela, sedutora, abençoada.
Fiz projectos a prazo, a longo prazo,
Elaborei contratos, objectivos
Que assinámos os dois, tão confiantes!
Tivémos momentos que gravo na memória,
Que, ainda hoje, me iluminam o sorriso.
Mas agora aprendi outra verdade:
A vida não depende de um projecto,
A vida não depende de um querer.
A vida tem apenas uns instantes
Que nos tocam e envolvem com prazer.
Rápidos, às vezes tão imperceptíveis
Que corremos o risco de os perder.
Tudo o resto é ditado pelo destino,
É lotaria, é confuso labirinto,
Que percorremos guiados pelo instinto
Convencidos que a razão nos orienta...
Depois, pressionados pelo tempo,
Hesitantes entre a esperança e a ansiedade
Tememos não encontrar uma saída.
E a luta é injusta, é desigual...
Esgota forças, alegria, fé, moral
E, por mais que queiramos,
Por mais que imploremos,
O destino é implacável.
Ficam, então, os projectos por cumprir
Ficamos nós exaustos, confusos, num desnorte,
Sabendo uma única verdade:
Nada na vida é certo, só a morte!

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Marionetas

A minha alma vagueia
Por recantos incertos...
Alheia, confusa, sem memória,
Sem destino, sem vontade, sem querer...
A luz do sol já não me guia
O meu percurso é ao acaso...
Sonhei com outra vida,
Tracei outras quimeras.
Quis envelhecer tranquilamente
Na paz, no conforto dos teus braços.
Tudo se dissipou...
Não, não basta lutar
Não, não basta querer
Nem sequer basta acreditar!
Somos apenas marionetas
Comandadas do alto.
Se, no espectáculo da vida,
O gesto impiedoso, fulminante,
Faz tombar uma delas
A outra não resiste:
Fica trémula, insegura, perturbada.
E, então, o resto do espectáculo
É apenas p'ra cumprir sem emoção.

domingo, 20 de maio de 2007

Sentimentos

Às vezes, olho as profundezas do meu ser
E fico arrepiada.
Que sentimento é este?
Que mistura de dor e de revolta,
Que vontade de fugir e de gritar!
Os dias surgem frios e rotineiros,
A solidão tornou-se habitual.
A frieza ganha espaço no meu íntimo,
A revolta é crescente e natural.
Sei que de nada vale tudo isto,
Nâo há solução para o meu sofrer.
Não sei se há culpados ou se não,
O que sei, com certeza, por agora,
É que se há, como dizem, poder divino,
É de um deus cruel, de um deus que humilha,
Que se alimenta das lamúrias dos seus filhos,
Que, como todos os poderosos que conheço,
Usa o poder para ver bem inquietos
Todos aqueles que de si precisam
E espalha injustiças em todos os seus gestos.

Hortênsias

No meio de flores, sinto-me sempre bem. As cores, os cheiros, as formas. Tudo é perfeito numa flor. Como em ti. Infelizmente, a sua vida é quase sempre fugaz. Como foi a tua.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Palavras que podiam ter sido tuas...

"Não acreditava que um dia destes chegasse. E agora, Março de 2007, veio com a brutalidade de uma explosão no peito. Não imaginava que fosse assim, tão doloroso e, ao mesmo tempo, tão pouco digno como a velhice e a decadência. Tão reles. O olhar de pena dos outros, palavras de esperança em que não têm fé" – escreve Lobo Antunes.
Sobre o cancro, escreve: "Mói e mata. Mata. Mata. Mata. Mata. Levou-me tantas das pessoas que mais queria. E eu, já agora, quero-me? Sim. Não. Sim. Não — sim."
Encontrei hoje, por acaso, estas palavras de Lobo Antunes. Senti um arrepio. Nunca nenhuma das suas crónicas me fizera sentir assim. É que esta é isenta de ironia, é fruto da consciência de um sofrimento sem fim, do precipício incontornável, da viagem certa, apenas sem data marcada.
Nunca nada nem ninguém pode confortar um doente de cancro. A sua vida desaba no momento em que é feito o diagnóstico. Ao contrário de Lobo Antunes, eu diria: O cancro mói. Mói.Mói.Mói.Mói.Mói. Mata.

terça-feira, 15 de maio de 2007

Para ti, apenas flores...as tuas flores de papel




















Meu amor, que saudade!
O dia surge sempre acinzentado
Como se houvesse nuvens negras
A turvar o brilho do Sol
Que iluminava a nossa vida.
Hoje, já nada tem esse fulgor
Em vez de alegria, está apenas dor
E a vontade, a esperança vão morrendo.
Partiste. Fiquei só e sem rumo,
Os dias e as noites indistintos,
O querer e o fazer descontrolados,
O frio, o gelo, a neve no meu corpo...
Ah! Quem pudera! Se pudesse
Ter-te aqui sempre a meu lado
Tudo despertaria no meu ser!
E então, custasse o que custasse,
Nunca, nunca mais, mas mesmo nunca,
Iria deixar-te entristecer...

domingo, 13 de maio de 2007

Últimos trabalhos...para distrair



A aprendiz de pintora é fraca, a máquina fotográfica não destoa...


Mágoa























Não gastámos as palavras, meu amor…
Não dissémos tantas vezes
Quantas queríamos
O quanto nos amávamos.
Agora, findou o ciclo dos teus dias
E eu sinto cá dentro uma mágoa,
Uma tristeza enorme, sem remédio...
E, por vezes, sinto que errámos,
Que usámos mal o tempo, a nossa vida…
Terá sido isso? Ou será apenas esta ferida
Que, mesmo com o tempo, me atormenta?
Não sei…já nada sei…
Apenas que te perdi de forma horrenda.


terça-feira, 8 de maio de 2007

Como convencer os alunos...


Aceito sugestões (que até podem ser dadas pela Sra. Ministra, se ela navegar por humildes espaços como este) para motivar/convencer/obrigar os alunos do 12º ano a ler o Memorial do Convento, de José Saramago, assim como todas as outras obras constantes do programa. É que, apesar dos meus quase trinta anos de experiência, ainda não achei os argumentos necessários. Estarei a perder o jeito? Acho que estou mesmo a precisar de reforma, por ter esgotado as estratégias que conheço (e que posso...) utilizar!

domingo, 6 de maio de 2007

Samba em prelúdio



Eu sem você
Não tenho porquê
Porque sem você
Não sei nem chorar
Sou chama sem luz
Jardim sem luar
Luar sem amor
Amor sem se dar.


Eu sem você
Sou só desamor
Um barco sem mar
Um campo sem flor
Tristeza que vai
Tristeza que vem
Sem você, meu amor, eu não sou ninguém.

Ai que saudade
Que vontade de ver renascer nossa vida
Volta, querido
Os meus braços precisam dos teus
Teus abraços precisam dos meus
Estou tão sozinha
Tenho os olhos cansados de olhar para o além
Vem ver a vida
Sem você, meu amor, eu não sou ninguém.


*Vinicius de Moraes e Baden Powell*

Pinturas...


Dizem que é uma espécie de ave rara!!! Eu acho que sim... É mesmo o único exemplar.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Reunindo pedaços...


...de memórias, de alegria, de saudade... É um puzzle a que já faltam peças...

Em busca de bóias de salvação...


"Quando alguém de quem

gostamos muito morre,

a solidão que sentimos

pode ser esmagadora.

Podemos sentir-nos

abandonados, sozinhos,

à deriva em águas desconhecidas."

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Conselhos...


Quando uma relação

chega ao fim,

ou um ente querido sai de casa,

tu não podes deixar

de sentir uma certa solidão,

sobretudo se ficaste

com o "ninho vazio".

Será benéfico descobrir

um novo interesse na vida,

que te obrigue a juntares-te

a outras pessoas.

terça-feira, 1 de maio de 2007

Quando tudo nos aborrece...


...nada nos apetece. E cumprir as obrigações? É um esforço sem limite, multiplicado até à exaustão...
Raras vezes, lampeja um momento mais calmo...

Mais um dia...


...sem sol
sem brilho,
sem alegria.
É, apenas, mais um dia...

Saudade

Agora percebo bem por que motivo
A palavra SAUDADE não é universal
É que ela exprime, duma só vez,
Um conjunto de sentimentos tão diversos
Que só a ousadia de um linguísta
Poderia ter reduzido à dimensão
Que um trissílabo encerra no seu todo...

Segunda tentativa...