segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Se...
Se a vida não fosse condicionada por constantes conjunções condicionais
E o ritmo dos dias se conjugasse sempre de modo regular
Talvez eu conseguisse seguir rumo ao futuro como os demais
De coração tranquilo, em paz, sem temer nem questionar.
Não é assim a vida, não sei se por bem ou se por mal.
Ela exige de cada um de nós a razão forte a controlar
Mesmo que os nossos olhos vertam lágrimas com sabor a sal.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

 
 
Parti a couraça de ferro frio e forte
Que a vida talhou e me impôs, sem piedade.
Deixei-a fissurar, perdeu a rigidez
E, pela fenda, que cresce a desnorte,
Assoma, sem pudor, muita fragilidade.
Não quero que me olhem!
Virai-vos, por favor!
Foi apenas um momento de má sorte,
Que surgiu, que passou e já se foi.
Suturei o ferro a fogo e dor...

E eis-me aqui de novo reerguida
Para dar o rosto, a face, o peito, a vida,
Sem vacilar, sem me sentir perdida
Neste mundo agreste e impiedoso,
Cujos caminhos inóspitos e incertos
Tornam este percurso doloroso.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

 
Às vezes, no silêncio do meu quarto,
Dou por mim a questionar,
Sem um motivo aparente,
Os mistérios insondáveis
Dos seres vivos e pensantes
A quem chamamos de gente.
"Todo o homem é uma ilha"
Já dizia Saramago,
Bem perdida em alto mar,
Agitada por tufões,...

Pelas ondas furiosas,
Por terramotos mentais
Que soam como trovões.
O ser humano é mistério,
Com pistas certas e erradas,
E, por mais que nós tentemos,
As chaves desse segredo
Estão com ele bem guardadas.
Na caminhada da vida,
Vamos lendo alguns sinais
Que nos fazem perceber,
Mas com dúvidas imensas,
Os meandros dos demais...
E prosseguimos a luta,
Da juventude à velhice,
Com consciência perfeita
Que cada ser de si só mostra
A face que lhe convém
E, por mais que nós pensemos,
Por muito que analisemos,
Cada um mal se conhece
E não conhece mais ninguém.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Na imensidão do silêncio em que mergulho,
O pensamento solta o freio limitador
E, numa batalha que eu perco sem orgulho,
Faz-me sentir prisioneira desta dor.
Rabisco obsessões em brancas folhas,
Esboço planos novos a viver
E, prometendo, a mim mesma, novas escolhas
Acabo sempre sem saber como esquecer.
Assim passam os dias, passa o tempo
E eu vou ficando mais velha e muito dura
E quando paro e olho para dentro
Lamento muito esta minha face escura.
Adeus a mais um velho ano
Duro ano, de tantas incertezas,
De tanta agonia e desengano,
De medos, de perdas, de tristezas.
Para o novo ano, não quero pedir nada,
Porque acredito que nada nos é dado.
Tenho sonhos (ainda sou ousada)…
E desejos em número ilimitado.
Desejo ter saúde, paz, amor
E que, no nosso mundo inteiro,...

Acabe a dura guerra, acabe a dor,
Que não haja batalhas por dinheiro.
Que haja trabalho por fazer,
Risadas entre amigos, noite e dia,
Que tenhamos vontade de viver
E que sintamos sempre a alegria.
Que o amor não prime pela ausência
E que os dias se contem por felizes,
E que tenhamos sempre consciência
Que na vida não passamos de aprendizes.