quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Um poema

Um poema
é a reza dum rosário
imaginário.
Um esquema
dorido.
Um teorema
que se contradiz.
Uma súplica.
Uma esmola.
Dores,
vividas umas,
sonhadas outras...
(Inútil destrinçar).


Um poema
é a pedra duma escola
com palavras a giz
para a gente apagar
ou guardar.

In DIAS, Saul, Essência

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Hoje estou assim






Hoje estou melancólica, cansada, com saudades...

sábado, 20 de outubro de 2007

Outono


Se deste outono uma folha,
apenas uma, se desprendesse
da sua cabeleira ruiva,
sonolenta,
e sobre ela a mão
com o azul do ar escrevesse
um nome,
somente um nome,
seria o mais aéreo
de quantos tem a terra,
a terra quente
e tão avara
de alegria.

Eugénio de Andrade

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Acrílico sobre tela...

O mesmo quadro, já modificado...


De regresso aos pincéis... Sem muita vontade e pouca inspiração.




quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Saúde em Portugal

Os nossos hospitais são verdadeiros infernos, onde, de vez em quando, aparecem alguns anjos que tentam diminuir a intensidade do fogo.
Porque falha a humanização dos serviços de saúde em Portugal?
Por que motivo a maioria dos médicos não ouve os doentes nem os seus familiares?
O que leva grande parte dos médicos a falar com os doentes ou seus familiares como se estes fossem mentecaptos?
Por que razão os médicos espanhóis(e de outras nacionalidades) não são obrigados a falar Português? É suposto os doentes perceberem Castelhano e outras línguas estrangeiras?
Porque se fazem tantos exames complementares se, muitas vezes, ninguém os vê como deve ou não sabe interpretá-los?
Será que ninguém se lembra que um doente fica ainda mais doente depois de estar horas e horas seguidas sem comer?
A triagem de Manchester serve para atender melhor ou para "castigar" as "falsas urgências", fazendo com que alguns doentes fiquem dez , doze ou mais horas numa sala de espera, mesmo quando lá dentro nada justifica tal espera?
O que leva a que alguns doentes, de etnias diferentes, sejam imediatamente atendidos? Medo?
(...)
A minha "má impressão" dos serviços de saúde em Portugal é "de experiência feita". Infelizmente. Gostaria de ter uma opinião diferente, mas é quase impossível. E não me falem que o mal está nos edifícios. O mal está nas pessoas, na falta de profissionalismo de muitos, na falta de sentimentos de outros tantos, na incapacidade de perceber o outro, de se imaginar do outro lado. Mas também está na desorganização, na falta de verbas, na má gestão dos recursos. Enquanto os profissionais de saúde forem escolhidos apenas por uma média que mostra que são excelentes alunos mas não implica que sejam bons profissionais e os recursos forem geridos apenas numa perspectiva economicista, continuaremos no mau caminho.

domingo, 7 de outubro de 2007

Saudade

Preciso tanto do teu sorriso doce
Preciso do teu abraço protector
Que saudades da tua voz tão terna
Quem me dera reviver o nosso amor.

Tudo me fugiu, tudo se esfumou
Tudo foi embora, ficou só a dor
A alegria foi e não mais voltou
Não quero viver sem o teu calor.

A vida é ingrata, é bem traiçoeira
Deixou-me à deriva neste mar revolto
Sem poder contar com o teu apoio
Qual navio perdido, sem saber do porto.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Sonho/Realidade

Joguei todos os meus sonhos
Num vale de profundos silêncios.
Já não ouso proclamá-los.
Sou prisioneira da realidade.
Nada mais conta, nem existe.
Umas vezes é alegre, outras é triste,
Mas mais do que o devaneio
É ela que comanda, que persiste.
O sonho, esse, vil enganador,
Faz-nos traçar quimeras
Projectar ideais, sentir o amor.
Mas, um dia,sem aviso prévio,
Desfaz-se o sonho, acaba a ilusão.
A vida continua, mas não é vida,
É apenas um percurso, um caminho,
Que se corre por dever, mas sem paixão.