domingo, 2 de dezembro de 2007

É assim o amor...em imagens e palavras


(imagem retirada da net)


Alma minha gentil, que te partiste
tão cedo desta vida, descontente,
repousa lá no Céu eternamente
e viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
memória desta vida se consente,
não te esqueças daquele amor ardente
que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
alguma cousa a dor que me ficou
da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
que tão cedo de cá me leve a ver-te
quão cedo de meus olhos te levou.

Camões, Sonetos

5 comentários:

Mocho Falante disse...

Tantos blogs que eu leio onde se escreve e transcreve poesia e finalmente vejo um poema de Camões!!! Obrigado

Beijocas

CMondim disse...

seja Camões, seja quem for,
sempre se sente a perda com dor ;)

ContorNUS disse...

uma imagem tão terna que toca de sentimento o olhar...juntamente com um dos sonetos mais sublimes de um dos nossos grandes poetas Luís Vaz de Camões.

Obrigada por avivares o sentir

Gi disse...

Amor é amor e ama-se hoje como há 500 anos atrás se bem que a postura em relação à vida e a própria esperança e perspectivas de vida fosse muito diferentes das de hoje. Gosto do poema. Não gosto da ideia. Deixo-te um beijo e uma cara triste :(


beijinhos

BF disse...

Adoro este poema de Camões e percebo-te tão bem nessas palavras.

Beijinhos
BF