Se há algo que a vida me tem ensinado ao longo dos anos é que o ser humano apresenta um grau de complexidade tão grande que, dificilmente, podemos confiar na análise que dele fazemos. E, claro, não estou a falar das estruturas física, fisiológica ou de componentes moleculares. A esse nível, a ciência parece estar bastante evoluída e, com uma margem de erro mínima, já se consegue saber como é e como funciona o corpo humano.
O grande enigma está em perceber o outro, do ponto de vista comportamental! Bem cedo aprendi que a palavra pessoa deriva de "persona", que, originalmente, significava "máscara"/"personagem". Nada mais verdadeiro.
Se olharmos para nós próprios, numa autorreflexão sincera, sabemos que, de facto, mudamos de "máscara" várias vezes ao longo do dia. São os vários papéis que a vida nos obriga a representar. Do meu ponto de vista, desde que essa máscara se limite à aparência, não virá daí mal ao mundo. Contudo, é lamentável quando o ser humano passa definitivamente a palhaço, a ilusionista, a actor a tipo inteiro.
Como aprenderemos a reconhecer e a lidar, por exemplo, com mentirosos compulsivos? Daqueles que te olham na cara e, fazendo de ti um perfeito idiota, te mentem com a maior das descontrações e se multiplicam em "justificações" dignas do maior argumentista cinematográfico?
Como aprenderemos a lidar com tantos "amigos" que, como dizia uma senhora que conheci, vêm só ao "semedão"?
Como conseguiremos perceber quem é que nos fala verdade e quem é que é digno de saber os nossos problemas?
Até que ponto poderemos continuar, como sempre nos ensinaram, a partir do princípio que todos os seres humanos são bons até prova em contrário? Não será melhor inverter a proposição e afirmar que "todos os seres humanos são maus até prova em contrário"?
Talvez eu hoje tenha acordado pessimista. Talvez eu até seja, aos olhos dos outros, uma má pessoa. Contudo, quando assento a minha cabeça naquela almofada que me serve de apoio durante a noite, a consciência não me pesa. Nunca fui mentirosa, nem desonesta, nem hipócrita. Mas...lido pessimamente com esse tipo de pessoas e, de dia para dia, cruzo-me com mais desses fantoches. Uns são-me indiferentes; outros, os que interferem no meu equilíbrio pessoal, fiquem com uma certeza: sou difícil de enganar e raramente engulo sapos, sobretudo depois de saber que nenhum deles vira príncipe!
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