sábado, 14 de julho de 2018



Já fui forte, poderosa,
Cheia de brilho e vigor,
Testemunha de promessas,
Amparo de desvalidos,
Dei sombra a desprotegidos
E ouvi juras de amor!

Sofri chuva e vendavais,
Ouvi trovões e rajadas,
Perdi folhas e pernadas
E não me dei por vencida.
Já fui casa de pardais,
Em mim gravaram sinais
Era esta a minha vida.

Mas o esplendor já se foi,
Meu tronco cedeu à idade
E fui ficando vergada,
Já não sirvo para nada
E, sem dó nem piedade,
Fui simplesmente cortada.

Restam-me ainda raízes
E, mesmo com cicatrizes,
Teimo em brotar novamente.
Esta vida é mesmo assim:
Sofres sempre enquanto vives
Mas lutas até ao fim!

segunda-feira, 21 de maio de 2018

São múltiplas as vozes
Que ecoam no silêncio
Destas frias paredes
Erguidas como espadas
Em torno de mim
Como ameaças perpétuas
À pouca lucidez que me resta.

São múltiplas as lágrimas
Que brotam revoltadas
Destes olhos exaustos
Que se perdem em buscas
Do eternamente perdido.

São múltiplos os gestos
Que não chegam a ser
Por não terem destino.

Tantos são os medos
Do simples andar
Pelas horas tão longas.

Tão longe o refúgio,
Promessa tardia
Da paz desejada.
Quem me fez nascer
Quem me pôs no mundo
Sem saber se eu queria?

domingo, 8 de abril de 2018

Que barulho intenso
Me perturba a mente,
Fantasmas da vida
E tu, tão ausente...
Ecos do silêncio
No fundo da alma
Acordam a dor,
Retiram-me a calma.

quarta-feira, 21 de março de 2018

Somos 
Uma equação complicada,
Cheia de incógnitas.
Em busca do resultado,
Umas vezes, somamos,
Elevamos ao quadrado,
Adicionamos frações.
A seguir, multiplicamos.
Num ápice, diminuímos,
Tendemos para infinito.
Depois de contas sem fim
E com um rigor severo,
Invariavelmente vemos
Que somos iguais a zero.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

A vida vai-me ensinando
Lições em todos os dias,
Mas não sei 'inda lidar
Com tantas hipocrisias.
Talvez já não tenha tempo
De mudar o meu agir,
Pois demoro a aprender
Como se deve mentir.
Aos pouquinhos descobri
Que comprar e não pagar
É uma regra comum
E não faz envergonhar.
Também já sei que viver
À conta do "se me dão"
Não cansa pernas nem costas
Nem causa grande aflição.
Roubar pouco não interessa
Que te podem vir prender!
Rouba muito, até poderes
Que te vão enaltecer.
Se fores honesto e capaz,
Mas contestares um pouquinho,
Em toda a vida serás
Um pobre desgraçadinho.
Se fores trafulha e ousado,
Mas tiveres nome sonante,
Podes ser por toda a vida
Um vigarista elegante.
Tanta coisa neste mundo
Que me deixa boquiaberta
E todos os dias faço
Uma nova descoberta.
Mudar a minha atitude
Está fora de questão,
Mas vou ficando encharcada
Em muita desilusão!!