domingo, 14 de junho de 2020

As peças estão todas,
Mas desencontradas,
À espera dum rumo
Que não seja o fim.
Mas alguém consegue,
Depois da desordem,
Reunir os cacos,
Dar-lhes nova forma,
Com jeito e carinho,
Para que não fiquem
Assim para sempre
No meio do caminho?

terça-feira, 2 de junho de 2020

Ai, as palavras...as palavras!
Ditas, não voltam atrás,
Ou libertam ou condenam.
Escritas, ficam para o futuro.
Serão lidas ou ignoradas,
Mas libertam quem as escreve
Na ânsia de confessar um lamento,
Tentando aliviar dores que sufocam
Ou dando asas a sonhos por viver.
Não ditas, de nada servem.
Transformam-se em pensamento doloroso,
Em dor que consome a tua paz,
E, na aparência da tranquilidade,
Tornam os teus dias em guerras
(Que nunca vences)
Com os sonhos que nunca alcançarás.

quinta-feira, 21 de maio de 2020

Felizes os que temperam a desgraça
Com visões calmantes de virgens,
Com omnipotências de um Pai,
Com o aceitar a vida sem dúvidas,
Sentindo-se sempre em dívida
Para com algo em que acreditam
Mas que não sabem o que é.
Felizes os que aceitam o fado,
Achando que ele é o caminho,
O longo caminho tortuoso,
Gratos pelas quedas redentoras
Que os conduzirão ao céu,
Que também não sabem onde é.
Felizes os que correm atrás do nada,
Consolados com uma vida de martírio,
Com dores atrás de dores,
Sofrimentos implacáveis e infinitos,
Achando que viver é transitório e necessário
Para alcançarem o reino da paz,
O reino dos céus,
A casa do Pai,
Que também não sabem onde é.
Felizes os que aceitam,
Os que não questionam.
Talvez por isso sejam chamados de cordeiros...

segunda-feira, 13 de abril de 2020

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020


Que sono é este
Que se abate sobre o homem
Cansado de remar
Em águas turbulentas?
Que sono é este
Que tanto atormenta,
Ou faz o homem morto
E o livra da contenda?
É apenas um refúgio,
Mas muito enganador,
Pois ao abrires os olhos,
O mundo está igual
E duplica a tua dor.