Num momento de pausa, apetece-me escrever sobre "gente que imagina coisas". Não sobre aquelas pessoas que, de quando em vez, imaginam algo (onde me incluo, sem sombra de dúvida), mas sobre aqueles que passam a vida a ver a "realidade" pelos seus olhos especiais e dramáticos.
Tal maneira de ser não teria a mínima importância se se tratasse de artistas, escritores, músicos ou qualquer outro criativo. Mas, como imaginam, aqueles que me fazem escrever estas linhas para descansar um pouco são os que sentem sempre o fado a persegui-los. Há-os de todos os estilos: os que julgam que a vida os trai; os que acham que têm mil e uma doenças; os que se imaginam inferiores; os que se pensam superiores; os que se veem feios; os que se acham magníficos; os que veem sempre tudo negro; os que se atiram porque nunca veem obstáculos; os que se acham os mais infelizes do mundo; os coitadinhos; os que acham que a vida os persegue; os que pensam que todos os outros os perseguem.
Muitos outros existirão, mas a listagem já cumpre os objetivos.
Em toda a minha vida, já fiz imensas ações de formação, mas nunca esquecerei uma que fiz com um psicólogo, exatamente sobre esta questão de acharmos que os outros se estão a rir de nós, estão a conspirar contra nós, que a vida é madrasta ou que há "bruxas" a infernizar-nos o dia a dia.
Dessa ação de formação e dos ensinamentos que a vida já me deu, acho que posso concluir que, na maioria das vezes, os outros têm tanta coisa nas suas cabeças que nem sequer pensam em nós, nem nos veem.
Perder o nosso tempo com histórias ao estilo de Hitchcock só nos faz perder tempo, paciência e sorrisos. A melhor maneira de levar a vida em frente é percebermos que a pessoa mais importante nas nossas vidas somos nós mesmos. Os "outros" são de várias categorias e, na sua maioria,
não deixam de ser apenas "os outros". Por isso, a intervenção deles nas nossas vidas deve ser sempre permitida com peso, conta e medida.