domingo, 25 de janeiro de 2015

Há tanta coisa que disse,
Tantas que nunca direi,
Tão pouca coisa que fiz,
Imensas que não farei.

Já fui jovem inocente,
E adulta convencida,
Hoje nem sei o que sou,
Na ponta final da vida.

Tive dores e alegrias,
Que sempre achei naturais,
Agora só tenho dúvidas
Algumas que são fatais.

Já vivi de emoções
Que a razão mal consentia
Agora vivo da esperança
De ver o nascer do dia.

Já senti que a vida é bela,
Também já a detestei,
Mas há de ser sempre assim
Que isso também já sei.
Por vezes, é no meio do silêncio,
Que revejo o monótono desfilar
Da estúpida vida que percorro dia a dia,
Em rotinas insanas e vulgares
Na árida solidão por entre gentes.
Sinto-me, então, envolta em dura mágoa,
Que sei não ter remédio, mas que dói.
E, se nesse amargo leito me deixo repousar,
Se da memória tiro fantasmas atrevidos,
Ensombro os dias lindos e as noites de luar.
Procuro o que não tenho, o impossível,
Como todo o ser humano insatisfeito.
Atormenta-me a vida como a morte,
Questiono a razão do meu viver
E nunca sei o porquê de tal desnorte.